VISÃO

​

KRISTEN

 

- Robert Pattinson! – Minhas mãos tremeram e eu sorri nervosa para a garota que chorava diante de mim.

 

Nunca vai mudar, sempre haverá gritos ensurdecedores em todas as premières por onde ele passa. Tão amado que beira a loucura. Só eu sei como ele consegue suportar tudo isso, não sem surtar minutos antes de entrar deixando todos a seu redor malucos, se acalmando em seguida, como um passe de mágica para conquistar cada fã, repórter e câmera.

 

Senti um toque em meu braço, desviei o olhar para encarar o de John que olhava fixamente para a garota, chacoalhei a cabeça, tentando sorrir e parecer natural, quando ela tremendo mais do que eu, me entregou um presente.

 

O tapete estava lotado, como se fosse novamente o dia do lançamento de Crepúsculo, a mesma avidez por qualquer informação. Fotógrafos do lado oposto às pessoas, seguranças para cada ator, repórteres fazendo suas entrevistas no final da fileira de fãs, telões mostrando imagens dos filmes, bastidores, diretores e atores. Gritos, flashes e um espaço para fotos.

 

Estar em um tapete vermelho, nesse caso verde de première é sempre desgastante. Uma longa fila de pessoas, que chega muito cedo, na esperança conseguir nem que seja um olhar do seu ídolo que geralmente passa rapidamente que nem com muito empenho de sua parte conseguiria devolver metade da dedicação desses fãs. Um número exagerado de fotógrafos para posar e sorrir, mesmo sem ter vontade, já que venderão suas fotos e história da maneira deles, quase nunca como é na realidade. Jornalistas tentando um furo de reportagem como se os atores fossem políticos que detém o poder de uma nação inteira em suas mãos. Colegas de trabalho que nem sempre são amigáveis e corteses no set e, nesse exato momento parecem os melhores amigos de infância, além é claro de quem paga o cachê, os responsáveis pelos estúdios que nos tratam como prima-donas e a quem os agentes tratam como príncipes em seus pequenos reinos.

 

Em contrapartida, defender um projeto que se faz com tanto amor e dedicação, tanto cuidado faz tudo valer a pena. E, se essa personagem é Bella Swan, vale ainda mais. Eu fiz coisas inimagináveis por esses filmes, que nunca fiz por nenhum outro e nunca voltarei a fazer, fui muito além do que as pessoas julgavam necessário e me dediquei com total empenho.

 

Atendi o maior número possível de fãs, vi em muitos exemplares dos livros a assinatura do Taylor e percebi que Rob e eu éramos os últimos, como sempre. Sentindo às minhas costas os flashes dos fotográficos ávidos por qualquer olhar meu na direção errada. Ou seria a certa? Eu queria vê-lo, procurá-lo, mas depois de tanto tempo...

 

Coragem? Como será quando inevitavelmente estivermos frente a frente. Não teremos como fugir das fotos juntos.

 

- Josh Horowitz – sorri quando vi o repórter mais próximo de “amigo” que eu tenho, pelo menos o mais íntimo, era o que me entrevistaria agora.

 

Graças a Deus que, diferente de outros, ele não me fez nenhuma pergunta embaraçosa. Qualquer uma por si só já seria difícil, mas sentir sua presença tão próxima como agora dificultava muito mais. Falar sobre Rob sempre me deixou nervosa, com o Josh que nos conhecia bem, era pior. Saber que ele estava ali e poderia ser confrontado com o que eu dissesse me dava vontade de sair correndo.

 

Não sei exatamente aonde demorei, ou qual parte ele pulou só sei que eu fui a última a chegar na área de fotos.

 

Quão estranho pode ser ver uma parte de sua vida se projetar como um filme em uma tela de cinema? Todos estavam ali, produtores, diretores, atores, Taylor e o Rob. Meus conhecidos, colegas, amigos e meu... Amor. É exatamente o que ele sempre foi, é, e será.

 

Beijei o Billy, Mackenzie, agora mais alta que eu, Nikki, Kellan, Steph, Catherine, Bill, Taylor que continuava com seu sorriso contagiante. E lá estava ele, seu olhar penetrante, aquele sorriso só meu. Suspirei sem tirar meus olhos dele, sentindo meus lábios se moverem involuntariamente.

 

Fui puxada para uma foto com tantas pessoas que imagino a dificuldade dos fotógrafos para conseguir enquadrar todos. E ao meu lado, como sempre, Rob. Suas longas mãos em minha cintura, a minha presa em seu paletó, seu cheiro másculo e sexy me acalmando e provocando reações nos lugares certos.

 

Ele estava ainda mais lindo, o cabelo apesar de mais baixo a mesma bagunça, a barba por fazer, o terno preto, uma camisa branca, que destacava ainda mais seus olhos e a boca rosada.

 

Respirar parecia difícil. Como consegui viver cinco longos anos sem esse toque, esse cheiro, esses olhos?

 

- Respira Kristen! – Olhei-o abobalhada como de costume, prendendo meu olhar no dele, tremendo ao ouvir sua voz rouca, quente e sexy invadir meu ouvido e todo meu ser.

 

Filho da mãe! Ele está se divertindo, sabe perfeitamente a reação que provoca em mim. Fiquei séria, os olhos fechados em fenda, o que o fez gargalhar. A mim, só restou apertar seu paletó com mais força fechando a cara.

 

Todos foram entrando, o número de pessoas diminuindo, primeiro saíram os atores que faziam os humanos, depois os vampiros, os lobos, os Volturi, os Cullen, os diretores, Steph, até que, como tantas outras vezes estávamos somente nós três, Taylor, Rob e eu, me senti protegida como se tivesse voltado para casa depois de uma longa ausência.

 

Agora tenho certeza de como é estar novamente ao lado dele: Confortável, divertido, encantador, tranquilo, certo. Perfeito!

 

Havia a mesma eletricidade e curiosidade nas pessoas ao nos ver lado a lado. Ele tomava cuidado para não pisar no meu vestido, sorria como se não se importasse com nada, mas passava a mão no cabelo nitidamente nervoso. Eu piscava, tentando enquadrar alguma coisa no meio de tanta luz e tremia como uma criança com medo de ser flagrada no exato momento que estiva fazendo alguma merda.

 

O caminho entre o tapete verde e o salão onde seria a festa mais parecia um museu. Não pude evitar diminuir o passo quando avistei de um lado a caminhonete vermelha e do outro o Volvo preto. Havia de tudo. Vestido de noiva, taco de basebol, cama quebrada cheia de penas, réplica do coreto da primeira dança, o berço da Renesmé e, o piano do Edward, a Chukesmee e a Bella no final da gravidez, alguns lobos, figurinos e mais figurinos e, nas paredes fotos de todos os atores caracterizados como seus personagens, além da trilha sonora, nenhum espaço livre para fugir do clima.

 

O salão parecia preparado para uma batalha na fria Forks, como se os Volturi fossem entrar a qualquer momento desafiando os Cullen para uma luta por terem quebrado alguma regra maluca. No chão um tipo de neve artificial, imitações de árvores por todos os lados, iluminação indireta sugerindo um ambiente intimista, um buffet e um bar com drinques que me pareciam bem exóticos, mesas em uma área privada, pufes espalhados aleatoriamente, um palco preparado para alguma banda que faria o show e garçons vestidos como a guarda Volturi.

 

Todo o elenco, diretores, produtores, responsáveis pelos estúdios, inúmeras pessoas ao meu redor e a única que queria que estivesse ainda me abraçando apertado como na sessão de fotos não está nem ao alcance da minha visão. Merda, cadê o Rob?

 

Inferno, minha vida sempre gira em torno dele, estando ou não no meu campo de visão. Várias vezes nesses cinco anos me peguei fazendo sua sopa preferida, comendo M&M entre as refeições, me entupindo de Heineken com coca-cola ou chorando ao ouvir Van Morrison. Não que eu não fizesse esse tipo de coisas antes de conhecê-lo, o fato é que depois dele tudo ganhou uma nova perspectiva.

 

O que eu estou parecendo? Uma adolescente nervosa? Uma fã? Não, adolescente eu já não sou e foi ele que me transformou em mulher e fã, sorri sem querer, desde o começo eu sempre fui.

 

- Você lembra do início de tudo Kristen? – Catherine parecia muito feliz com um sorriso aberto e uma taça de vinho tinto na mão.

 

- Claro! – Respondi rápido demais. Como esquecer a melhor época da minha vida?

 

- O Rob comprou o vídeo do teste dele para Crepúsculo. – Arregalei os olhos. – Acho que ele não confiou que eu nunca mostraria a ninguém. – Sorri abertamente.

 

- É melhor assim. Definitivamente ele não quer que ninguém veja aquele momento.

 

- Ele não tem nada do que se envergonhar, muito pelo contrário, dá pra ver nitidamente a química que existia entre vocês e... Kristen me perdoa? – Sorri para acalmá-la.

 

- Imagino que ele veja mais coisas do que qualquer um e tenha seus motivos. – Prefiro acreditar no que me disse uma vez. Não quer que vejam o início do nosso amor. Algo que foi tão íntimo para nós.

 

Não houve como segurar minha mente que voltou para aquele dia. A primeira vez que o vi, chegando com o rosto angustiado e despretensioso, os cabelos desgrenhados e ainda negros, graças a seu Salvador Dali de Little Ashes. Uma fragilidade e um sorriso fácil que tocou profundamente meu coração.

 

O mundo parou quando sua boca tocou a minha. Todos os sinos fizeram uma sinfonia em meus ouvidos e nada mais no meu mundo foi igual. Meu peito subia e descia, meus olhos arregalados, eu estava completamente atordoada depois do nosso beijo.

 

Graças a Deus que não há mais nenhuma foto para ser tirada, ou alguém importante para dar atenção e eu posso finalmente tirar meus sapatos, beber um pouco com os amigos e procurá-lo, mesmo que seja para ficar à distância.

 

Como chegamos até aqui? Será que só eu tenho essa sensação de que o tempo passou e eu não vi? Como ele se sente em relação a tudo? Será que a essa altura eu ainda tenho o direito de questionar?

 

- Eu tenho um projeto novo, gostaria de te mandar o script.

 

- Eu adoraria ler Bill, não vou filmar nada até a primavera...

 

- Foi uma época linda quando filmamos Amanhecer. – Eu sabia que nessa noite teria muitas lembranças, mas não pensei que cada pessoa que se aproximasse de mim fosse relembrar seu momento favorito da Saga. Eu já ouvi cada um dos diretores falar sobre seu filme, muitos colegas trouxeram de volta coisas que preferia esquecer e principalmente, um cuidado exagerado para tentar não fazer o inevitável, lembrar-me que o Rob esteve sempre ao meu lado.

 

- É você tem toda razão. E muito trabalhosa também. – Bill sorriu quase fechando os olhos daquela forma paternal. – Adoraria repetir a parceria.

 

Amanhecer foi ainda mais desafiador. Começar as filmagens no Rio pareceu um excelente prognóstico até ficarmos presos dentro de uma casa por causa de uma tempestade tropical. Depois, meses e meses de trabalho duro com robôs, maquiagens e um elenco incalculável na tentativa de fazer dois filmes de fantasia com um enorme fandom se tornar realidade e ainda manter o sigilo necessário. E nós conseguimos! O vestido de noiva só foi revelado no dia da estreia, assim como a cena da batalha.

 

- Kristen – Fechei os olhos respirando fundo, sorrindo ao me virar na direção da voz.

 

Não vi a Nikki, meus olhos passaram através dela ao me deparar com ele, sorrindo com uma Heineken na mão, ao lado do Tom e da Siena já sem o paletó.

 

- Senti tanto sua falta, eu e o Paul... Você sabe o que aconteceu, não é?... Ah, temos composto e viajado bastante e... Parece reencontro de turma de escola... – Não ouvi direito nada do que ela falou, eu estava concentrada demais nos longos dedos tocando os fios não tão compridos agora, ainda daquele tom louro indefinido, a barba por fazer no tamanho exato que adoro. Mais um gole na boca da garrafa, o sorriso desconcertante, a mão limpando lentamente o canto da boca, os olhos baixos, até que...

 

Merda, ele tinha que olhar na minha direção? Agitei-me desconcertada, grata por estar de tênis e não me equilibrando em um salto 12, sem saber ao certo o que fazer com minhas mãos. Ele não vai parar de me encarar?

 

Chacoalhei a cabeça tentando voltar minha atenção para o que Nikki estava falando, em vão. Por mais que tentasse me concentrar nela, meus olhos traidores corriam para ele, sorrindo bobamente quando ele não estava olhando, interessada na forma como colocava a mão livre no bolso, como parecia à vontade consigo mesmo. E, assim que seus olhos azuis me encaravam, voltava toda minha atenção para minhas próprias mãos.

 

- Ele foi o homem errado na hora certa não é? – Levantei a cabeça encarando finalmente a Nikki.

 

- Não entendi. De quem está falando?

 

- Rob. Ele foi o homem errado pra você na hora certa. – Por que tinha que ser justo a Nikki, a pessoa a falar abertamente sobre ele?

 

- Ele é o homem certo na hora certa Nikki. – Meu coração se apertou com a verdade das minhas palavras.

 

- Claro, me desculpe, é que eu não entendo como depois de tudo que passaram vocês terminaram assim...

 

- Você não acreditava que fossemos terminar algum dia? – Ela pareceu desconcertada com minha pergunta, eu também, ao mesmo tempo estava curiosa para saber sua resposta. Se o Rob estivesse ouvindo possivelmente diria que é o tipo de resposta que não vale a pena ouvir.

 

- Kristen você parecia mais apaixonada do que nunca e ele também, então de um dia para o outro todo tipo de fofoca começou a surgir, eu sabia que vocês continuavam firmes apesar de tudo e, do nada, de repente, cada um para seu lado.

 

- Andou lendo site de fofoca Nikki? – Ela me encarou embaraçada.

 

- Desculpe, não é isso. Eu só queria entender... – Suspirei forçando o sorriso.

 

- Eu também.

 

- Você não ficou chateada, não é? – Eu a abracei e ao Paul que agora estava ao seu lado o que me deu uma ótima desculpa para seguir em frente.

 

Meus pais conversavam animadamente com a Claire e o Richard quando me sentei ao lado da Dakota, tendo uma visão privilegiada do Rob que sorria sem se importar de ser o centro das atenções de uma rodinha de amigos.

 

Não sei quanta bebida havia ingerido. Não estava bêbada, não ainda, apenas animada, se continuasse talvez conseguiria alterar meu estado etílico a ponto de não me importar em fazer alguma merda. Infelizmente essa não sou eu. Perder o controle não é algo que me agrade nem um pouco.

 

Siena, Tom, Jack, Jamie, todos riam de alguma coisa que o Rob havia contado e eu continuava olhando-o apreciando bastante minha recém-adquirida fantasia de voyeur. Até que nossos olhos se encontraram e eu fiquei presa nele sem a menor vontade de deixá-lo. Se era a única coisa que teria dele iria aproveitar ao máximo.

 

- Ele está realmente lindo. – Suspirei sorrindo sem desviar meus olhos para fixá-los na Dakota.

 

- Está. Ainda mais.

 

- Então faça alguma coisa Stewart, vai lá e fale com ele. – Ok, agora ela conseguiu estragar o clima.

 

- E o que devo dizer exatamente Dakota? Nós não nos encontramos nesses cinco anos e eu nem tenho ideia do porquê. Senti sua falta quase todos os dias, não sei nada dele, se pensa em mim, ou como se sente ao me ver depois de tanto tempo.

 

- Você já tem um ótimo tema para conversar. Vá e diga tudo isso a ele. Pergunte como se sente. Você sabe melhor do que eu que ele vai te contar.

 

- Quer beber alguma coisa? Fumar? – Ela arregalou os olhos rolando-os, parecendo muito incrédula para uma atriz com sua experiência. – Ah, pelo amor de Deus, uma pessoa não tem direito ao mínimo de privacidade...

 

- Claro que sim, e todos em Hollywood deram privacidade demais a vocês. Tanta que agora existe um abismo entre os dois.

 

- A privacidade veio no momento errado, não é?

 

- Kristen ninguém sabe o real motivo do afastamento de vocês, você não teve ninguém depois dele e eu sei que ele está só. É uma oportunidade para vocês conversarem e dizerem tudo o que precisa ser dito.

 

- Vou ao banheiro. – Não sou covarde. Como vou saber se o Rob quer conversar comigo? Houve um tempo em que ele era o meu melhor amigo e com apenas um olhar eu sabia tudo o que se passava em sua mente, hoje tenho medo de olhar e descobrir que não consigo mais vê-lo, que tudo tenha ficado dolorosamente esquecido.

 

Eu não o superei.   Sinceramente, nunca vou. Às vezes me vejo como Jeniffer Aniston que aparentemente nunca superou seu divórcio com o Brad Pitt.

 

 Graças a Deus o banheiro estava vazio, não aguentaria mais uma fila com pessoas me perguntando coisas das quais não sei a resposta ou me lembrando de um tempo que não volta mais. Eu preciso muito da merda de um cigarro.

 

Antes que me desse conta estava na porta dos fundos do salão, sem ao menos ter meus cigarros eletrônicos, outra mania dele, que ficaram na mesa.

 

Inferno, tudo parece ainda mais difícil do que eu imaginei quando aceitei comparecer. E como poderia recusar? Minha vontade era dar um nó na ponta do vestido, me sentar e chorar. Nunca me permiti chorar em público, por outro lado, às vezes parece tão difícil ser você mesma.

 

- Quer um cigarro? – Levantei a cabeça e nesse momento as lágrimas caíram dos meus olhos. – Não chore Kristen, por favor! – Senti os braços dele ao meu redor e tudo voltou ao seu devido lugar. Eu o abracei apertado como se com isso pudesse evitar que ele fugisse e se tornasse fumaça revelando ser só o meu desejo inconsciente de estar novamente em seus braços.

 

Demorou um tempo para eu entender a situação, parar de fungar e enxugar as lágrimas do meu rosto. Seu olhar preocupado não me deixou um segundo sequer.

 

- Aceito o cigarro.

 

- É eletrônico. – Como se eu não soubesse. Rob me passou um e eu senti o gosto mentolado se infiltrar em minha garganta. – Por que estava chorando? – Ótimo, a Dakota herdou o poder da Alice Cullen?

 

- Parece que a pressão não acaba nunca. São tantas coisas que... Eu... Acho que estou cansada. Não sei... Você sente o mesmo... – Ele sorriu condescendente.

 

- Sim, eu me sinto exatamente como você. O que aconteceu? – Olhei para ele respirando fundo. – Como chegamos a esse ponto?

 

- Não sei Rob. Eu queria muito saber. Queria tanto entender o que fizemos, o que aconteceu. – Ele me olhava de baixo em cima, avaliando. – O que está olhando? – Ele sorriu e o sorriso não atingiu seus olhos.

 

- Vem comigo! – Rob estendeu sua mão, como nos velhos tempos, enquanto eu subia a barra do vestido e parava em um carro alto preto. – Liga pro John e diz que já foi pra casa, eu te levo, ninguém precisa se preocupar.

 

Como de hábito fiz o que ele pediu. Liguei para o meu segurança, John e depois para a Ruth, minha relações públicas avisando para não se preocuparem, em seguida ele ligou para o Dean e o Nick.

 

- Pra onde vamos?

 

- Pra casa.

 

Mas não estávamos em Los Feliz e sim em Beverly Hills, ele tomou a direção da casa dele. Abriu o portão e, quando desci do carro, sorri sentindo as patas de Bear e Bernie me arranhando.

 

- Eles sentem a sua falta.

 

- E eu a deles. Obrigada por deixá-los comigo de vez em quando.

 

- Eles são tão seus quanto meus Kristen. Vem, está frio aqui e você vai congelar.

 

 

 

SPOILER

 

 

- Quer conversar? – Perguntei assim que ela sentou no sofá marrom, retirando o tênis com o pé e cruzando as pernas no estofamento, como sempre fazia. – Contar por que nunca me procurou? – Sentei ao seu lado tirando meus sapatos e esticando os pés no centro de madeira, sem desviar os olhos dela.

 

- E você por que não me procurou? – Sorri condescendente. Touché! Cocei a cabeça tentando encontrar uma resposta.

 

- Eu não faço ideia. Acho que nos metemos em uma grande encrenca. – Ela levantou a sobrancelha virando-se pra mim. – Fizemos um filme atrás do outro, algumas vezes não estávamos na mesma cidade, em outras tudo o que queria era correr atrás de você, ligar, passar um email, chamar no Skype, acabava me acovardando e desistindo. Não sei em que momento nos afastamos... – Seus olhos baixos, as mãos se movimentando nervosamente.