DESCOBERTAS

​

 

ROB

 

Quatro longos minutos. Foi o tempo que levamos entre o restaurante e o hospital. Meu pensamento corria para os burritos e o cheiro. Que porra de cheiro a Kristen sentiu?

 

Toda essa merda de tensão. Esmurrei o volante assustando-a quando parei no arborizado estacionamento cheio de carros. Droga!

- Calma Rob. Eu só vomitei.

 

- Você não vê o quanto está pálida Kristen, por isso está me pedindo calma.

 

- Robert. – Ela me olhava de um jeito tão sério. Tão... – Estou te pedindo pra ficar calmo, porque sinto que não é nada demais. – Passei a mão no cabelo ainda nervoso, respirando fundo tentando me acalmar. Só vou deixá-la mais nervosa assim e não vai adiantar de nada. – Fica tranquilo, eu vou me consultar somente porque você e o Taylor insistiram, tenho certeza que está tudo bem. Pode ter sido a viagem ou qualquer outra coisa...

 

- Você não pode dizer que não está acostumada a viajar Kristen, além do mais isso nunca aconteceu antes, então...

 

- Por que uma pessoa vomita? – Suas mãos estavam agitadas, enquanto eu apertava as minhas com força para não ficar do mesmo jeito. – Porque comeu algo que fez mal, por algum enjoo, porque está gripada ou...

 

- Ou por algo mais grave. Então vamos descobrir o que está acontecendo. Vem? – Abri a porta do carro vendo-a me acompanhar com o olhar sem se mover. Dei a volta e abri a sua porta. E nada. – O que está acontecendo, baby?

 

- Você vai comigo? – Kristen estava realmente preocupada com isso?

 

- Claro que vou. Você é a minha namorada. A mulher que eu amo e eu preciso cuidar de você. – Suas lágrimas começaram a cair e fiquei angustiado. – Por que está chorando? – Kristen se virou para mim me abraçando apertado.

 

- Rob, eu achei que o melhor seria você não entrar, pra ninguém nos perturbar depois e...

 

- Não vou deixar o Taylor entrar com você e ganhar todos os créditos. Vamos, por favor? – Sem contar que surtaria aqui e acabaria enlouquecendo a Ally.

 

O Taylor já estava ao nosso lado com a Ally e, agora sim, temos muita gente para serem fotografadas.

 

- Taylor, fica aqui ou vai pra casa. Acho que causaria menos tumulto se entrássemos sozinhos. – Ele olhou para Kristen que afirmou tentando sorrir.

 

- Está tudo bem Taylor, só estou indo porque vocês dois são uns chatos.

 

- Ok, pode atrapalhar mesmo. Não deixa ela te convencer de que não precisa ir até lá, tá legal? E, por favor, mantenham-me informado. – Ele tocou meu ombro se aproximou da Kristen e a abraçou. – Vamos? – Taylor voltou para seu carro de mãos dadas com a Ally acenando quando passou por nós.

 

- Agora nós. Vamos baby, me mostra que estou errado e que sou um exagerado. – Peguei em sua mão, pouco me lixando se todos os paparazzi de L.A. estivessem na porta do hospital esperando por nós.

 

E, por mais louco que possa parecer, não havia ninguém. Definitivamente esse bairro é longe demais. Não colocamos os capuzes, não soltamos nossas mãos, não andei na sua frente. Nada disso foi preciso. Ninguém estava preocupado conosco, éramos apenas um casal, procurando atendimento em um hospital.

 

- Oi, minha namorada passou mal, ela vomitou, para onde devemos ir? – Sinceramente acho que a recepcionista magra e de cabelos cacheados grisalhos nem olhou na minha cara.

 

Kristen estava um passo atrás de mim, seu rosto levemente escondido em minhas costas numa atitude inconsciente de autopreservação.

- Por ali. – Seu dedo apontava para a esquerda. – Siga o corredor até achar outra recepção. Lá irão ajudá-los.

 

Fizemos como ela disse, haviam três mulheres na tal recepção, a mão da Kristen apertou ainda mais a minha, diminuindo um pouco o passo, respirando fundo e olhando para mim.

 

- Por favor, ela vomitou bastante quando estávamos no restaurante... – Uma senhora de traços orientais se virou nos olhando atentamente e sorrindo.

 

- Venha por aqui querida. – Eu as segui.

 

- Entrem. – Um consultório pequeno de cores claras, móveis discretos surgiu diante de nós. – Meu nome é Mieko Toki... – Ela apontou para duas cadeiras de frente à uma mesa e nos sentamos. – Sou a plantonista hoje. Qual o seu nome? – Perguntou olhando diretamente para Kristen. – E me conte com calma o que aconteceu.

 

- Ele é um exagerado.

 

- Não sou. E responda a pergunta dela Kristen.

 

- Meu nome é Kristen Stewart... – A médica levantou um pouco a vista nos encarando rapidamente. – Nós chegamos essa madrugada do Canadá e tirando o sono eu estava me sentindo muito bem, viemos para Santa Clarita encontrar um amigo em um restaurante... – Uma das mãos da Kristen foi para a boca e ela respirou fundo, tentando não vomitar, enquanto a outra, para meu desespero, apertava com força o braço da cadeira. – E, passei mal.

 

- Quer vomitar mais? – Kristen balançou a cabeça negativamente. - O que você sentiu?

 

- Estávamos conversando bobagens e de repente senti um cheiro... – E novamente sua mão à boca voltou para boca, dessa vez a Kristen se levantou encarando a médica que indicou rapidamente a porta do banheiro atrás da sua mesa.

 

Quando a Kristen voltou do banheiro estava ainda mais pálida. Vomitar três vezes seguidas numa tarde? Que merda está acontecendo? Não pode não ser nada, como ela insiste em dizer.

 

Ela se sentou, a médica escrevia muito rápido em uma prancheta.

 

- Depois do tal cheiro ela saiu correndo como agora e vomitou bastante. Umas duas vezes.

 

- Você consegue descrever o cheiro?

 

- Não, mas só o fato de pensar nele me faz...

 

- Ok entendi. Respire fundo e olhe para cima. Levante a cabeça. – Kristen fez o que ela disse e conseguiu segurar dessa vez. - Isso. – A médica se levantou e passou por nós – Sente-se aqui, por favor. – Havia uma maca ao lado da porta de entrada que nem tinha visto.

 

Kristen se sentou na maca e a médica auscultou seu coração, mediu sua pressão arterial, perguntou o peso e a altura, olhou com uma luz dentro de seus orbes verdes, sempre anotando na tal prancheta.

 

- Deite-se Kristen e me diga se sentir algo. – A barriga da Kristen foi apalpada de um lado para o outro sem nenhuma queixa de dor.

 

Merda, não sei se fico feliz ou triste com isso. Será que só para mim parece que a médica ainda não encontrou nada de errado?

 

- Eu acho que eu sei qual o seu problema, não é nada demais. Vou pedir uns exames que você fará agora.

 

- O que você acha que ela tem? – Perguntei ansioso.

 

- Calma... – Ela me encarou e fiquei sem graça.

 

- Robert.

 

- Como ia dizendo calma Robert, não é nada preocupante. – Ela se afastou da maca, em direção à porta chamando outra pessoa e Kristen sentou me encarando. – Quero exame de sangue e urina.  Kristen pode acompanhá-la até o banheiro?

 

Levantei-me também sem saber o que fazer ou para onde ir.

 

- Fique na sala de espera e, ela não corre perigo.

 

Esperei Kristen aparecer o que para mim pareceu uma eternidade e juntos aguardamos a porcaria do exame ficar pronto e a médica nos chamar.

 

- Já temos os resultados. – Voltamos para a sala e nos sentamos nas mesmas cadeiras.

 

- O que ela tem? - Não entendia porque a médica olhava de mim para a Kristen sorrindo.

 

- Kristen, seus exames mostram que você está gravida, por isso o vomito e o sono, sua menstruação deve estar atrasada e... – Tudo parou. Eu não via mais a médica na minha frente. Lentamente consegui mover minha cabeça e olhar para Kristen que me encarava assustada.

 

- Gravida? Você disse que eu estou grávida?

 

- Sim. Tenho 100% de certeza. Imagino que tenha um médico da sua confiança. Você deve procurá-lo para que ele faça o acompanhamento da gravidez, posso garantir que está tudo bem com você e o bebê. – Ela continuava falando, mas os nossos olhos não se largavam.

 

Nada me parecia mais importante do que tentar adivinhar o que estava se passando pela cabeça da Kristen. Ela parecia uma esfinge, completamente indecifrável.

 

– Vou receitar esses remédios apenas para o enjoo, seu médico deve ser consultado o quanto antes, não tome nada que não seja prescrito, descanse e não se preocupe. Robert está tudo bem com os dois. Leve-a para casa e tenham uma vida o mais normal possível.

 

Fiquei de pé, respirei fundo e tive que procurar na minha mente como se anda, sorri para a médica que continuava sentada, peguei na mão da Kristen, fomos até a recepcionista resolver as questões burocráticas e voltamos para o carro sem que nenhuma palavra fosse dita.

 

Parei na farmácia, a caminho de casa e comprei os remédios, ignorei, assim como ela que não dava a menor atenção para seu celular, todas as ligações insistentes e estranhei ao abrir o portão com o controle remoto e ver um homem numa moto parando diante de nós. Instintivamente Kristen se abaixou, se escondendo.

 

- Sr. Pattinson? – Não era um paparazzi.

 

- Só um minuto, por favor. – Fechei o portão, Kristen saltou e eu esperei ela subir os degraus, para voltar minha atenção ao entregador. – Pois não?

 

- Sua encomenda. O senhor pediu que fosse entregue hoje, é a segunda vez que venho aqui, eu liguei, mas caiu sempre na caixa postal...

 

- Me desculpe, tivemos uma emergência. – Ele sorriu educadamente, eu assinei o recibo de entrega, dei uma boa gorjeta pelo presente de natal da Kristen e liberei sua saída.

 

Quando voltei para casa, guardando seu presente no bolso da calça, procurei-a por todos os lugares e não a encontrei.

 

- O que está fazendo aqui, assim? – Kristen estava sentada no centro da cama, encostada no espelho, abraçando as pernas, quando me sentei de frente dela.

 

- O que vamos fazer?

 

- Vamos ter um bebê, Kristen. – Ela deu um pulo me abraçando apertado, sentando-se no meu colo. Minha mão foi automaticamente para sua barriga, enquanto beijava seu rosto, sua boca, seu pescoço e orelha.

 

- Você sabe que é seu não é? Que não tive ninguém além...

 

- Baby, de quem mais você teria um filho? Lembra que eu disse que um dia faria um em você? Esse dia chegou. – Eu não podia estar mais feliz e o sorriso radiante em meu rosto mostrava isso claramente, assim como o dela que, pra completar chorava copiosamente.

 

- Não planejamos...

 

- É verdade, porém ele quis vir e é muito bem-vindo...

 

- Ele? E se for ela?

 

- Será bem-vinda. – Tentei deitá-la na cama e começar a amá-la.

 

- Preciso de um banho, estou imunda. – Ela saiu do meu colo, desceu da cama, completamente feliz e sorridente. Lembro-me perfeitamente das mudanças de humor da Siena e da minha irmã quando estavam grávidas. Agora chegou a minha vez de sentir isso na pele.

 

Kristen tirou a roupa pelo caminho sem me olhar e meu plano de segui-la e me juntar a ela no chuveiro foi interrompido pelas ligações que não paravam em meu celular.

 

Atendi o que estava chamando no momento, depois ligaria para os outros.

 

- Alô?

 

- Rob, vocês não ligaram estou preocupado. Tem alguma notícia da Kristen?

 

- Desculpe Taylor, esqueci. – Ele riu. – Estamos em casa, ela está bem, a médica passou um remédio para o vomito mais e pediu que procurasse o seu médico.

 

- Só isso? Ela não disse o porquê dela ter passado mal?

 

- Disse para não nos preocuparmos. Quando a Kristen sair do banheiro vou lembrá-la de marcar a consulta.

 

- Me avisa se eu puder fazer alguma coisa. Eu e a Ally ficamos realmente preocupados.

 

- Pode deixar, diga a Ally que tudo está bem.

 

Não queria contar a ninguém por enquanto, e muito menos sem termos conversado direito sobre o bebê, sobre nós dois. Mais do que nunca temos muito para conversar. Precisamos nos acertar e decidir como tudo vai ficar.

 

Liguei para o Nick, meu pai, o Tom desejando feliz aniversário, a Jodie e todos me deram ainda mais coisas para pensar.

 

O telefone da Kristen havia parado, acho que ficou sem bateria. Eu o apanhei, coloquei em cima da mesa de canto e a encontrei no closet, se olhando no espelho apenas de lingerie.

 

- Você está linda.

 

- Estão maiores. – Ela tocou delicadamente os seios. – Como não percebi antes? Como pude ignorar os sinais?

 

- Também não notei. Eles estão lindos, baby. – A abracei por trás, colocando minhas mãos em sua barriga.

 

- Nós vamos ficar juntos não é Rob? – Havia medo em seus olhos quando me sentei no pufe encostado na parede, batendo em minha coxa para que se sentasse no meu colo.

 

Eu olhei em seus olhos, vendo uma lágrima pendurada, passando meu dedo para capturá-la. Desci minha mão suavemente em sua pele cheirosa e sedosa, até parar em sua barriga, sorrindo feliz, sentindo sua mão tocar a minha, nossos dedos se entrelaçarem, suas pernas apertarem a minha.

 

- Eu quero envelhecer ao seu lado, baby. Quero passar por cada alegria, cada tristeza, cada comemoração, cada decepção, por cada dia bom e ruim. Quero ver seu sorriso, ouvir suas broncas por causa da minha bagunça, sorrir ao te ver dançar, te levar o café pela manhã, assistir programa de culinária, servir de cobaia para suas receitas, te ter como minha inspiração para cada uma das músicas que ainda vou compor. Ir a cada lugar do mundo com você e por você. Te amar, te cuidar e te proteger. Ser o que você precisar que eu seja. O seu homem, o seu amante, o pai dos seus filhos, se você quiser ser minha, para sempre e sempre.

 

As lágrimas caiam e o sorriso continuava em seu rosto, quando me inclinei colocando a mão no bolso, peguei a caixinha em minhas mãos e abri mostrando a ela.

 

- Sim.

 

- Sim. Você disse sim? – Ela gargalhou agarrando meu pescoço.

 

- Sim. – Kristen gritou ao mesmo tempo que sorria.

 

Peguei o anel de platina com um único diamante e deslizei pelo seu dedo. Beijando sua boca, pegando-a no colo e levando para a cama.

- Eu tinha planejado algo diferente, mas acredito que assim ficou legal também.

 

- Eu gostei bastante Rob.

 

Nos amamos calmamente. Nunca fui tão cuidadoso em toda minha vida. Fui lento, delicado. Foi perfeito. Foi amor.

 

- Rob? – Estava deitado com a cabeça em sua barriga plana, imaginando o que estava acontecendo com nosso bebê lá dentro. – Você já queria me pedir em casamento? – Levantei o resto encarando-a.

 

- Eu disse que não vou desistir de você. Que estou e sempre estarei aqui, Kristen. Nada vai nos separar. Nunca mais.

 

 

SPOILER

 

 

 

- O que está fazendo? – Perguntei a Kristen quando o carro dela passava pela garagem de sua casa em direção a minha.

 

- Não quero que vejam esse anel e não vou tirá-lo do meu dedo. – Kristen virou a pedra para o interior de sua palma, apertando-o.

 

- Se você se sentir melhor tira...

 

- Eu iria me sentir pior se tirasse. Eu sou sua Rob, só não quero que a mídia saiba...

 

- Eu sei.

 

- Mas, não vou tirar.